domingo, 16 de agosto de 2009

Operação França


Pode parecer irônico, mas é refrescante saber que Laranja Mecânica "perdeu" o Oscar para Operação França. Ao mesmo tempo em que o filme de Stanley Kubrick mostrou-se inovador com sua visão pessimista (e real) do futuro, este clássico policial do até então promissor William Friedkin possui mais cenas antológicas do que qualquer filme policial já feito. Friedkin mostrava-se um cineasta com olho apurado, técnica esperta e muita ousadia na direção de cada tomada que compunha seus filmes. Operação França, que deu o Oscar de melhor diretor e melhor filme à Friedkin, é um exercício dos mais fascinantes e empolgantes do gênero.

Mais do que isso, diga-se, instaurou um paradigma sobre os futuros filmes do gênero. Friedkin elaborou uma trama simples e objetiva. Bem roteirizada e dirigida, porém, mantém o espectador atento a tudo. Aqui, um suspiro significa muito. O cineasta que faria O Exorcista no ano seguinte mantém o clímax durante todo o filme, elevando-o ao ápice extremo na cena final, magistral e sujestiva. Aliás, as cenas de ação vistas aqui são inesquecíveis. Friedkin primou pelos cortes longos e, nas cenas de perseguição a pé, praticamente abduziu diálogos e trilha sonora, o que acaba deixando o espectador tenso e ansioso pelo desfecho, já que ouvimos os passos e, com a ajuda da excelente fotografia de Owen Roizman (que abusa dos enquadramentos laterais e faz bastante uso do chicote), sentimos como se estivéssemos dentro da ação.

Além disso, é possível notar que o diretor dedica-se exclusivamente para cada tomada do longa-metragem. E isso fica ainda mais evidente quando vemos a maneira com que as perseguições são conduzidas. A mais clássica delas, quando quatro detetives seguem dois suspeitos durante vários quarteirões numa longa seqüência muito bem montada, já virou referência a partir do momento em que foi concebida, tamanha é a classe e a eficiência utilizada por Friedkin e sua equipe. Ou você prefere aquele momento antológico no trem, com todo aquele vai e vem crescente de tensão. Há ainda quem coloque a inesquecível tomada na escadaria como a mais brilhante já feita dentro do gênero. Mas Operação França não é só uma espetacular direção.

A construção dramática é impecável, focando diretamente dois detetives: Jimmy "Popeye" Doyle (Gene Hackman) e Buddy "Cloudy" Russo (Roy Scheider). O roteiro escrito com garra por Ernest Tidyman, baseado no livro de Robin Moore, conta a história real da investigação que resultou na maior apreensão de heroína da história dos EUA. Inserindo alguns detalhes fictícios, Tidyman elabora com perfeição todo o envolvimento dos detetives (na vida real, Eddie Egan e Sonny Grosso, que ainda fazem pequenas pontas no filme) "em busca do ouro", além de entregar personagens consistentes e e extremamente realistas para Hackman e Scheider.
O realismo marcante na cena da perseguição de carro (que acabou resultando em uma batida que não estava planejada, mas que foi mantida devido ao seu realismo) pode ser visto em igual teor nos personagens de Gene Hackman e Roy Scheider. O roteiro mostra Doyle (Hackman) como um policial impetuoso, mal-encarado e bastante violento. Algo tão realista que assusta. Já Russo faz o tipo mais correto, que segue as táticas investigativas com mais afinco. Destaque para Gene Hackman, que impressiona pela veracidade com que apresenta seu personagem. Roy Scheider, que tem um personagem menos complexo e intenso, não decepciona, porém.

Nada mais prazeroso do que assistir um filme feito com amor e competência por um grande realizador. É exatamente isso que William Friedkin é, um realizador de filmes. Além de mostrar que a edição é a peça chave para um bom suspense, Friedkin já mostrava talento hábil para dirigir cenas de ação. Operação França pode ser considerada a obra-prima que de fato é.
Título Original: The French Connection
Gênero: Policial
Tempo de Duração: 104 min
Ano de Lançamento: 1971
Qualidade: DVDRip
Formato: Rmvb (RAR)
Áudio: Inglês
Legenda: Português
Tamanho: 348 mb

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