quinta-feira, 23 de julho de 2009

Os Estranhos

Seguindo à risca o legado deixado pelo mestre Alfred Hitchcock, Bryan Bertino cria, a partir de experiências próprias, um suspense assumidamente despretensioso. Via de regra, o que Bertino quer é trabalhar com idéia do imaginário da platéia. Ele está ali apenas para mexer com os sentidos do público, sem maiores pretensões, deixando de lado qualquer subtexto ou mensagem subliminar. Para ele, isso pode ser visto na maioria absoluta dos suspenses hollywoodianos lançados com freqüência. O objetivo do diretor é manter o espectador preso na cadeira. E Os Estranhos faz isso muito bem, desde que você esteja disposto a ignorar certos aspectos.

A rigor, existem de fato algumas decisões tomadas pelos personagens que se mostram absolutamente inverossímeis. Mas veja bem: quando James Stewart "mandou" Grace Kelly vasculhar o apartamento de um suposto assassino em Janela Indiscreta ou quando o velho Hitch tentou nos convencer de que Kim Novak não era Kim Novak em Um Corpo Que Cai, ninguém reclamou porque era Hitchcock. Agora quando um diretor estreante dirige uma cena tão absurda quanto (até mais, diria), ele não merece um desconto? Aliás, o público deve ficar de olho, afinal pode estar surgindo mais um autor por aí.

Apesar dos créditos mentirosos, Os Estranhos não é baseado em fatos, e sim em experiências vividas pelo próprio diretor. A trama bastante objetiva mostra o casal Kristen (Liv Tyler) e James (Scott Speedman) voltando de uma festa onde houve uma pequena briga entre os dois. Quando estão em casa, uma menina bate na porta (às 4 da manhã) procurando por uma pessoa que eles desconhecem. Depois de mais uma batida e alguns barulhos suspeitos, Kristen desconfia que tem alguém a mais em casa. A partir daí, o suspense que se desenvolve na tela é expressivo e virtuoso. Nós sabemos o que o casal sabe sobre a invasão. Nem mais, nem menos.

Bertino, que também assina o roteiro, errou na construção da ação dramática em situações de pavor. Apesar de ninguém saber como reagiria se estivesse vendo sua casa ser invadida por três seres mascarados que não dão explicação alguma sobre os motivos da invasão ("por que vocês estavam em casa", diz um mascarado, e só), o diretor propõe soluções idiotas para situações críticas, caindo no velho clichê de que é preciso atitudes babacas para tocar o filme para frente. Não é bem assim. Já que tinha um roteiro bastante eficiente, Bertino poderia ter trabalhado melhor algumas idéias. Menosprezar a inteligência do espectador não é legal.

O fato é que os deslizes criativos do diretor e roteirista não são capazes de desviar o foco narrativo do longa. Os Estranhos existe apenas para manter o espectador tenso, apenas isso. E Bertino faz de sua câmera o principal ingrediente para tanto. A câmera anti-estática e que caminha lateralmente com elegância é um artifício muito bem empregado, e que funciona como um tempero a mais ao suspense gradativo que o diretor elabora. Com ângulos que permitem o espectador saber mais que os mocinhos (às vezes, só às vezes) e fotografia excelente, que utiliza uma paleta escura, fazendo bom uso da locação única, Bertino proporciona uma experiência tão assustadora quanto psicológica. A velha trilha sonora estridente está presente como prequel para assustar, mas não consegue fazer isso porque todo mundo já está careca de saber que quando ela começa logo, logo vem o susto. Os Estranhos funciona mais quando quer manter o espectador tenso, sem sanguinolência e membros decepados.

Parente direto de Violência Gratuita, de Michael Haneke, Os Estranhos (menos intelectual e mais descompromissado, mas não menos eficiente) acaba por tornar-se um exercício muito bem executado e, antes tudo, um trabalho primoroso de direção. Ademais, Liv Tyler colabora muito com uma interpretação segura e que transmite o real sentimento de pavor de sua personagem. Scott Speedman não mostra nada mais que a construção preguiçosa de seu personagem. Toda a tensão é confiada a Liv, que não decepciona. Os Estranhos é uma surpresa vinda de Hollywood em tempos onde o cinema (quase) não tem mais voz própria.

Trailer do Filme


Download do Filme

Título Original: The Strangers
Gênero: Terror/Suspense
Qualidade: DVDRip
Formato: Rmvb
Áudio: Inglês
Legenda: Português

3 comentários:

  1. Boa noite!
    Existe um filme francês, "Ils" ("Eles") que eu assisti em Dvd e que tem uma trama, pelo o que li, muito muito parecida com essa postada no blog. Acredito "os estranhos" ser uma refilmagem americana, como eles costumam fazer.

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  2. Pelo oque eu me informei, o filme não é uma refilmagem, o filme é baseado em experiencias que o diretor teve na infancia.

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  3. Achei esse filme péssimo.

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