domingo, 28 de junho de 2009

Contato


Durante boa parte das décadas de oitenta e noventa, Robert Zemeckis foi um dos mais importantes cineastas norte-americanos. Ao contrário do que muitos acreditam, sua influência não se deveu unicamente aos avanços realizados no campo da tecnologia e dos efeitos especiais, como a interação entre desenho animado e live action em Uma Cilada para Roger Rabbit e a união entre imagens de arquivo com atuais em Forrest Gump - O Contador de Histórias. Zemeckis também criou alguns dos melhores e mais adorados filmes americanos deste tempo, como a trilogia De Volta para o Futuro e a própria história do homem que via a vida como uma caixa de chocolates.

Contato, realizado três anos após Forrest Gump, normalmente não figura entre as obras mais lembradas do diretor, o que é uma pena: trata-se de um dos melhores e mais inteligentes filmes saídos de Hollywood durante toda a última década. Baseado em uma obra de Carl Sagan, Contato conta a história de uma brilhante astrônoma, vivida por Jodie Foster, que recebe uma mensagem vinda de fora da Terra. Esta mensagem, na realidade, traz informações matemáticas que contém instruções para a montagem de uma máquina gigantesca, que pode se servir de transporte para o ser humano entrar pela primeira vez em contato com seres de outro planeta.

Engana-se quem pensa que Robert Zemeckis e os roteiristas James V. Hart e Michael Goldenberg (com o apoio de Sagan) têm como objetivo realizar apenas mais um filme recheado de ação sobre alienígenas e naves espaciais. Pelo contrário, a intenção dos realizadores com Contato é construir um retrato realista do que poderia ser o primeiro encontro entre humanos e extraterrestres, em uma história que equilibra com maestria o lado humano dos personagens com importantes discussões sobre fé e ciência. Contato é um filme capaz de entreter como poucas ao mesmo tempo em que estimula o intelecto, oferecendo uma experiência cinematográfica completa como poucas nos dias de hoje.

E isso pode ser percebido logo na primeira cena de Contato. Zemeckis leva o espectador em uma estarrecedora viagem de mais de três minutos pelo espaço, começando em nosso planeta e se afastando até muito longe. Enquanto isso, são ouvidas ondas sonoras provindas da Terra que lentamente vão se tornando mais difíceis de escutar, até longos instantes nos quais nada mais se ouve. Um início brilhante, capaz de fazer o espectador sentir toda a imensidão do universo e, ainda mais importante, o quanto o ser humano é pequeno diante desse todo. A cena ilustra com perfeição uma frase que os personagens dizem por várias vezes durante o filme: “Não sei se existe vida em outros lugares. Mas se fôssemos só nós, seria um imenso desperdício de espaço”.

Diretor com alta capacidade técnica, Zemeckis ainda cria alguns belíssimos truques visuais que ajudam a enriquecer a experiência de assistir Contato. São momentos que vão desde o simples, como a câmera “atravessando” o vidro de uma porta, até os mais complexos, como a impressionante sequência na qual a plateia acompanha a pequena Ellie subindo as escadas e abrindo o espelho do banheiro. Outro momento interessante é o plano-sequência na chegada de Ellie ao Centro de Controle após ela ouvir pela primeira vez a mensagem. Zemeckis segue a personagem desde o carro até chegar à sala, subindo escadas e passando por portas em uma cena que não apenas exibe virtuosismo técnico, como também colabora para transmitir toda a excitação daquele momento.

No entanto, por mais completo que seja em termos visuais, o grande trunfo de Contato é, indiscutivelmente, seu roteiro. Zemeckis contou com a colaboração de Carl Sagan (até a morte do autor, no final de 1996) para não deixar de fora do produto final o embate entre fé e ciência, balanceando este aspecto da trama com o lado dramático e a jornada dos personagens. E o trabalho em conjunto realmente valeu a pena. Tirando um ou outro deslize, Contato apresenta uma trama coesa e provocativa, que não teme abordar profundas questões existenciais e filosóficas enquanto funciona como uma grande aventura, mantendo o espectador sempre interessado naquilo que está acontecendo e ansiando pelo que vem depois.

Em sua essência, Contato é um filme sobre a busca de um sentido maior em nossas existências. Essa reflexão é realizada pela protagonista, a doutora Ellie Arroway. Cientista brilhante, Ellie é uma pessoa excessivamente empírica, que se recusa a aceitar qualquer possibilidade de acreditar em uma força maior como Deus – mesmo que isso possa custar a ela a maior realização de sua vida. Por essa razão, dedica-se de corpo e alma a perscrutar os céus em busca de algum sinal de fora, algo que possa trazer o mínimo de iluminação a essas perguntas. Em certo momento, Ellie responde ao personagem de Matthew McCounaghey, após ele perguntá-la por que ela aceitaria arriscar a vida ao embarcar nessa viagem: “Desde pequena sempre quis saber: por que estamos aqui? Qual o sentido? Se for para encontrar ao menos uma fração da resposta, acho que vale uma vida humana”.

No entanto, Contato não é totalmente desprovido de problemas. Zemeckis e os roteiristas cometem alguns – pequenos – deslizes que poderiam ter sido evitados. O mais claro deles é o romance entre Ellie e Palmer. Não há o menor motivo para os personagens se envolverem dessa forma; acredito, inclusive, que seria ainda mais eficaz se os dois acabassem se tornando apenas confidentes, amigos, um do outro. O romance é tratado de forma rápida e jamais chega a convencer, falha que salta aos olhos assim que o roteiro exige isso do espectador. O mesmo vale para a cena na qual os personagens de James Woods e Angela Basset falam sobre uma gravação da viagem de Ellie: Zemeckis erra ao oferecer ao público uma resposta que ele deveria interpretar por si mesmo.

Mas isso é pouco, muito pouco, diante de tudo o que Contato oferece. Zemeckis, Sagan e os roteiristas não fizeram apenas um filme narrativamente impecável, mas uma obra capaz de desafiar o espectador a pensar. Uma obra que força o público a buscar suas próprias soluções em relação a alguns dos grandes temas da humanidade. Talvez a grande pergunta ao final de Contato é: estamos preparados para algo como o que é visto na trama? Infelizmente, baseado no fato de que um dos grandes filmes dos anos noventa esteja hoje quase esquecido, minha resposta é não.

Trailer do Filme

Download do Filme - parte 1

Download do Filme - parte 2
Download do Filme - parte 3

Título Original: Contact
Gênero: Ficção Científica
Tempo de Duração: 150 min
Ano de Lançamento: 1997
Qualidade: DVDRip
Formato: Rmvb (RAR)
Áudio: Inglês
Legenda: Português
Tamanho: 504 mb

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