Felon acaba por ser mais um típico filme de prisão, indo buscar os habituais clichés de outros do género (American History X, The Shawshank Redemption) com os seus gangues prisionais, com a relação de amizade entre o veterano prisioneiro (Val Kilmer) e o encarcerado acidental (Stephen Dorff), funcionando o primeiro como tutor do segundo ajudando-o a perceber a complicada teia de ligações pessoais que se geram numa prisão de alta segurança, conhecimento esse que irá determinar as hipóteses de sobrevivência de cada um durante o tempo que aí tiver que cumprir. Contudo, neste aspecto específico Felon acaba por resultar muito melhor, pois procura fugir aos desenlaces peace and love que inundaram, por exemplo, o estabelecimento prisional de Shawshank; em Felon não somos iludidos com perspectivas de amizade eterna entre guardas prisionais e reclusos, entre Skins e Hispânicos, entre Negros e Asiáticos. A cada momento temos consciência que as alianças pessoais que se vão estabelecendo são precárias e apenas se mantêm na medida em que a lei da sobrevivência assim o determine. A verdade é que se torna praticamente impossível ao comum cidadão perceber este esquema de relacionamentos, mas essa não é uma falha do filme; na verdade o filme tem precisamente o mérito de não tentar apresentar essa explicação: estamos a falar de um meio com uma lógica e um código de regras tão específicos que chegam a parecer absolutamente ilógicos (quem ainda se mantiver firme no objectivo de procurar perceber por que linhas se cose a vida nas prisões, experimente o exercício bem mais simples de tentar compreender o submundo de Lisboa ou Porto ou a relação entre a Rússia e a Geórgia...).
Contudo, o aspecto mais interessante de seguir neste filme prende-se com questões de ordem ética relacionadas com a justiça. Mais do que tentar chegar a conclusões, Felon faz-nos reflectir. Reflectir sobre o direito ou não a matar, a ceifar uma vida humana quando perante a necessidade de defender algo ou alguém que se encontre sob ameaça (tema tanto mais actual em Portugal desde o assalto aos BES em Lisboa); reflectir sobre como a linha que separa um pacato cidadão de um serial killer consegue, por vezes, ser surpreendentemente ténue. Na verdade, pouco distingue as personagens de Dorff (condenado por matar um assaltante que lhe invadiu a casa) e Kilmer (a cumprir pena perpétua pelo homicídio premeditado de umas 15 ou 16 pessoas); um e outro apenas procurou defender a sua família agindo porventura na directa proporção dos crimes de que foram vítimas.
Outra personagem interessante é interpretada por Harold Perrineau (popularizado pela participação em Lost). Neste caso estamos perante o comum pai de família que, assim que atravessa os portões de acesso ao estabelecimento prisional, se transfigura no cruel, impiedoso e sanguinário guarda prisional que manipula os reclusos para entretenimento próprio e do restante corpo de guardas. Curiosamente, esta personagem acaba por apresentar nesse aspecto muitos traços comuns com a personagem de Dorff, numa clara mensagem de que a prisão transforma as pessoas revelando o que cada um tem de pior (embora no caso de Dorff a metamorfose seja exageradamente rápida, sendo provavelmente o ponto mais negativo e pouco convincente de todo o filme) não deixando de ser interessante confrontar o enredo de Felon com as experiências conduzidas em 1971 na Prisão de Stanford.
Por fim, uma palavra para a forma como Val Kilmer consegue continuar a ser um dos maiores camaleões do cinema actual; com o devido mérito para a equipa de make-up, o actor que já foi Batman, que já foi o Santo, que já foi Inish Scull consegue encher por completo o ecrã durante grande parte do filme e no entanto é provável que muitos espectadores continuem na expectativa do momento em que irá finalmente fazer a sua aparição (há casos registados de quem tenha esperado até aos créditos finais para perceber onde Val Kilmer esteve enfiado durante 104 minutos)...
Contudo, o aspecto mais interessante de seguir neste filme prende-se com questões de ordem ética relacionadas com a justiça. Mais do que tentar chegar a conclusões, Felon faz-nos reflectir. Reflectir sobre o direito ou não a matar, a ceifar uma vida humana quando perante a necessidade de defender algo ou alguém que se encontre sob ameaça (tema tanto mais actual em Portugal desde o assalto aos BES em Lisboa); reflectir sobre como a linha que separa um pacato cidadão de um serial killer consegue, por vezes, ser surpreendentemente ténue. Na verdade, pouco distingue as personagens de Dorff (condenado por matar um assaltante que lhe invadiu a casa) e Kilmer (a cumprir pena perpétua pelo homicídio premeditado de umas 15 ou 16 pessoas); um e outro apenas procurou defender a sua família agindo porventura na directa proporção dos crimes de que foram vítimas.
Outra personagem interessante é interpretada por Harold Perrineau (popularizado pela participação em Lost). Neste caso estamos perante o comum pai de família que, assim que atravessa os portões de acesso ao estabelecimento prisional, se transfigura no cruel, impiedoso e sanguinário guarda prisional que manipula os reclusos para entretenimento próprio e do restante corpo de guardas. Curiosamente, esta personagem acaba por apresentar nesse aspecto muitos traços comuns com a personagem de Dorff, numa clara mensagem de que a prisão transforma as pessoas revelando o que cada um tem de pior (embora no caso de Dorff a metamorfose seja exageradamente rápida, sendo provavelmente o ponto mais negativo e pouco convincente de todo o filme) não deixando de ser interessante confrontar o enredo de Felon com as experiências conduzidas em 1971 na Prisão de Stanford.
Por fim, uma palavra para a forma como Val Kilmer consegue continuar a ser um dos maiores camaleões do cinema actual; com o devido mérito para a equipa de make-up, o actor que já foi Batman, que já foi o Santo, que já foi Inish Scull consegue encher por completo o ecrã durante grande parte do filme e no entanto é provável que muitos espectadores continuem na expectativa do momento em que irá finalmente fazer a sua aparição (há casos registados de quem tenha esperado até aos créditos finais para perceber onde Val Kilmer esteve enfiado durante 104 minutos)...
Trailer do Filme
Download do Filme
Nome Original: Felon
Gênero: Drama
Formato: RMVB
Duração: 104 minutos
Tamanho: 338 Mb
Áudio: Ingles
Legenda: Portugues
Qualidade: DVD
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