segunda-feira, 29 de junho de 2009

O Poderoso Chefão, Parte III


Produzido dezesseis anos depois da segunda parte, O Poderoso Chefão - Parte III é o filme que mais se distancia dos demais na trilogia. É também o que menos agradou. Algo que não consigo entender porque, já que apesar de fugir de algumas características dos primeiros filmes, a terceira parte é tão forte e dramática quanto as outras duas e, em certos aspectos, muito mais ousada. A primeira grande diferença que percebemos é que Coppola abandonou os ambientes fechados e escuros tão comuns as outras duas partes. Com várias externas e ambientes sempre iluminados - geralmente usando cores fortes como os vermelhos e amarelos de igrejas -, esta mudança visual está diretamente ligada aos caminhos de Michael Corleone, agora já nos sessentas anos e pensando em quem sucederá o controle da família.

Como uma tendência a todas as grandes empresas com o fim do século XX, a família Corleone também está em busca de acordos internacionais e, uma novidade para o meio, de forma legal e limpa. Com um acordo envolvendo mais de setecentos milhões de dólares, Michael tenta se tornar sócio do banco do Vaticano, assumindo o controle de uma grande empresa ligada a igreja católica. A falta do submundo de ruas e becos sujos dos outros filmes pode frustrar os fãs, mas é brilhante a maneira como o roteiro - ainda de Puzo e Coppola - mostra toda a corrupção e teia de interesses que ditam as regras nas grandes corporações, mesmo (ou talvez, principalmente) quando a igreja está por trás. Com a intenção de `limpar` os negócios da família, Corleone percebe que tão sujo quanto seu passado, os novos negócios são também muito perigosos quando não agradam a alguns. A corrupção por trás da igreja católica é evidenciada sem medo e no final, percebemos que tudo ainda é o mesmo jogo sujo de antes, mas com ar mais equilibrado e `legal`, só porque agora eles têm advogados e brechas em leis.

A linha dos negócios da família é um pouco menos explorada neste filme e fica evidente o interesse em mostrar quem Michael Corleone se transformou. Atormentando pelos crimes e pelas pessoas, que a seu mando, morreram, Michael é um homem solitário e infeliz. Kay só o visita em situações especiais - como a seqüência inicial em que é condecorado com uma grande honraria pela igreja, algo que, como a própria Kay classifica, é ridículo - e os filhos são o único motivo de ligação entre os dois, apesar de Michael obviamente ainda a amar e provavelmente se arrepender de tê-la deixado ir embora. Mas fica claro que ele jamais voltaria atrás e que agindo como agiu, foi a única maneira que encontrou de manter a família - o epicentro de toda a trilogia - forte e unida, mesmo quando manda matar o próprio irmão. Há, no entanto, a boa vontade de sua parte de não cometer erros novos, como por exemplo, quando concorda que o filho abandone a faculdade a direito e se torno um cantor profissional ou quando exige que Vincent deixe sua filha. Sem esperanças de que seu próprio filho possa assumir o comando da família, Michael passa a depositar sua atenção em seu sobrinho, Vincent. Interpretado por Andy Garcia - que tem uma forte semelhança com Al Pacino jovem -, Vincent tem o gênio de seu pai, Sonny, e ensiná-lo de que a violência e morte não são sempre o melhor caminho a serem tomados será um desafio para Michael. Al Pacino é o próprio Michael Corleone e consegue mostrar neste filme um lado ainda mais humano do que aquele Michael do segundo, como na bela cena em que se confessa. Diane Keaton - agora com um rosto que podemos reconhecer - também consegue acrescentar um pouco mais de sensibilidade a sua personagem.

O ponto de discórdia comum, que muitos consideram o suficiente para derrubar o filme, é Sofia Coppola como a filha de Michael. Não irei repetir tudo o que já disseram sobre as tendências de nepotismo de Coppola nem sobre a incompetência de Sofia. Basta dizer que durante todo o filme ela usa a mesma expressão que vimos na última cerimônia do Oscar. Incomoda, mas não chega a estragar o resultado final. Principalmente quando assistimos a linda seqüência da ópera Cavalleria Rusticana, estréia do filho de Michael como cantor. Brilhantemente sincronizada com a execução de um plano para matar Michael, a seqüência é tão bela e memorável como o atentado contra Vito no primeiro filme ou o assassinato de Fanucci no segundo.

O nó na garganta que acompanha o fim da seqüência não é só resultado de belo trabalho de Coppola neste filme - amplificado pela ópera -, mas na construção desta que é certamente uma das mais belas trilogias já feitas pelo cinema. Com O Poderoso Chefão - Parte III, Coppola parece colocar um ponto final em sua missão de levar as telas os dramas da família Corleone, mas deixa claro que a saga de família como aquela não tem um fim.

Apesar de ser um otimo filme, ele é disparado o mais fraco da triologia. Mas depois de dois filmes praticamente perfeitos seria mesmo muito dificil manter o mesmo nivel.

Trailer do Filme

Download do Filme - parte 1
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Título Original: The Godfather - Part III
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 172 min
Ano de Lançamento: 1990
Qualidade: DVDRip
Formato: Rmvb (RAR)
Áudio: Inglês
Legenda: Português
Tamanho: 567 mb

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