sexta-feira, 12 de junho de 2009

Gol 2, Vivendo Um Sonho


Eu sou um declarado fã do esporte, e acompanho futebol com fervor. Futebol e cinema ocupam a maior parte da minha vida - não tenho mais dúvidas disso e já me entreguei a tais vícios. Nada melhor, então, do que algo que juntasse os dois. Em 2005, o lançamento de “Gol” fez isso. Mesmo o filme tendo lá seus defeitos, me fez agradado. Mais satisfeito fiquei quando soube da possibilidade dele ser uma trilogia. Sinceramente, pensei ser uma possibilidade vaga – o filme não fez sucesso nos cinemas, só em locadoras. Não foi, pois está aí a primeira de duas continuações.

Todo jogador tem um sonho: jogar na Europa - evidentemente que os europeus estão à parte desse sonho. Isso, Santiago Muñez (mais uma vez Kuno Becker) alcançou na trama anterior ao ir do México para a Inglaterra jogar pelo famoso Newcastle (time que revelou Michael Owen e por muito tempo fez jogar um dos maiores astros da seleção inglesa: Alan Shearer). Sempre que um sonho é realizado, porém, um outro é colocado no caminho. O de Santiago é chegar ao estrelato máximo e, para isso, precisa estar entre os melhores, ou seja, em um time que o leve a disputar torneios de nível mundial. Santiago consegue logo no início desse segundo filme, pois se transfere para o Real Madrid – em uma troca justamente com Owen que estava amargando o banco no Real. Sua vida, junto com de sua futura esposa Roz (Anna Friel), modifica-se bastante e Santiago tem de aprender a lidar com tais mudanças. Além disso, tem que levar juntamente com Ronaldo, Raúl, Robinho, Beckham, Zidane, Cicinho, Julio Baptista, Guti, seu grande amigo Gavin Harris (jogador fictício interpretado por Alessandro Nivola) e outros, o Real Madrid ao ápice do campeonato mais glorioso da Europa: a Champios League da UEFA (chamada aqui de Liga dos Campeões da Europa). Tal título dá o direito de disputar o campeonato mundial interclubes (a Copa Toyota) com o campeão das Américas – inclusive, a equipe brasileira São Paulo é uma das que mais figuram em tal patamar.

O acerto maior de “Gol 2” é quanto ao roteiro, mais bem amarrado do que o de seu antecessor. A trama do filme foi realmente bem preparada para uma trilogia. Para tanto, no primeiro mostrou-se a formação de um jogador e sua luta por se firmar em um time mediano da Europa, onde tínhamos o foco em Santiago/jogador. Isso muda para a continuação, pois, firmado em campo como um jogador que desequilibra nas horas certas, Santiago agora deverá mostrar "do que é feito" fora dele, ou seja, sua vida pessoal estará em evidência. Essa intenção do roteiro é afirmada quando, além das tramas óbvias que estavam acontecendo, o ex-agente de Santiago, Glen (reprisado por Stephen Dillane), fala que ele já provou tudo nas quatro linhas e que agora deverá provar fora delas. Façanha essa que não é fácil para Santiago, pois ele tem que administrar a pressão de ser um novato em um grupo só de estrelas, um relacionamento amoroso, a adaptação a uma nova cidade, a perseguição dos fotógrafos e o aparecimento de sua mãe e do seu meio-irmão. O roteiro de Mike Jefferies consegue assimilar todos esses elementos e coloca-os facilmente entrelaçados durante os 115 minutos de projeção. Um exemplo disso é pelo fato da fita não ficar cansativo ao transcorrer de quase duas horas.

O maior problema de se fazer uma película sobre futebol é retratar o próprio esporte. Mais uma vez esse tal problema se repete. É fato que, mesmo assim, “Gol 2” ainda é um dos melhores filmes de futebol quando se trata desse assunto, mas o resultado só é satisfatório quando comparado com outros títulos como, por exemplo, "Penalidade Máxima", de 2001. Será mesmo que a dinâmica do futebol é impossível de se levar para as telonas? Creio que sim. Ora, é um jogo que só tem uma parada a cada 45 minutos - diferentemente do Baseball, Futebol Americano e outros esportes com muitas pausas. Você pode falar: “Sim, mas já fizeram ótimos filmes sobre esportes tão dinâmicos como o futebol, como o Hockey e o Basquete”. Pois bem, a resposta é simples: futebol é jogado com algo que deixa o jogo imprevisível e praticamente sem direção, algo que não temos muito sob controle ao nascer e que alguns não adquirem pro resto da vida, os pés. Logo, para se retratar de maneira fiel um jogo, no mínimo, é preciso de dublês habilidosos ao nível dos grandes jogadores e não de boleiros de bairro. Como isso realmente não existe, visto que, se a pessoa tiver talento com a bola, ela deveria ser um jogador e não um dublê; é questão de lógica – as chances de replicar o futebol através das câmeras cinematográficas é praticamente impossível.

Em “Gol 2” o diretor Jaume Collet-Serra (“House of Wax”) optou por inovar um pouco nesse sentido. Ele usa planos sobre planos e dá um trabalho imenso para o editor mixar partidas fictícias com partidas não-fictícias, além do abusivo uso da câmera fechada (ora nas pernas, ora nos rostos) e do fundo verde. Tais artifícios até se saíram bem, mas tudo ainda soa muito artificial. É observado também um problema de assimilar a magia do futebol, onde não é sempre o gol (apesar de esse ser o momento máximo) quando se tem a glória no esporte. Um passe ou um drible em momentos decisivos, se bem abordados, poderiam amenizar a transgressão do futebol real para o de ficção - lembremos da Copa de 2002, onde uma das cenas mais retratadas é do ponta Denilson escapando com a bola de cinco turcos enlouquecidos atrás do jogador, nesse caso, o gol não foi o momento marcante da partida. Porém, ainda insistem em se focar somente no gol – é tanto que quase sempre que os marcam são Gavino ou Santiago, mesmo um time tendo onze jogadores.

Interessante notar a boa trilha sonora de Stephen Warbeck. O inglês, que já compôs para filmes como “Billy Elliot”, “Shakespeare Apaixonado”, dentre outros vários, acertou novamente a mão. Como o filme é de apelo popular, nada mais coerente do que colocar baladas conhecidas de fundo. Se Warbeck não tivesse certa experiência com trilhas sonoras, poderia acontecer o que acontece algumas vezes quando músicas famosas são colocadas na trilha: o espectador esquecer de assistir ao filme e ficar simplesmente o escutando. Com “Gol 2” não. Apesar de a música na cena quando Santiago está voltando a treinar depois de contusão ser notável, o que está em destaque ainda é a cena e não a canção. Ela se mostra como um refinado pano de fundo.

Algo que pode incomodar ao longo da fita é o abarrotamento de propagandas. Até entendo um pouco a evidência de marcas. Afinal, o filme deve ter recebido um bom dinheiro do Real Madrid e, conseqüentemente, de seus patrocinadores – todas as marcas que estão em evidência são de patrocinadores do clube espanhol ou da Liga Espanhola. Entretanto, será que precisava de tamanho exagero? Cena vai e cena vem um novo produto da Adidas, Samsung ou outro tinha que ser exibido? Já não bastava terem colocado o David Beckham como um coadjuvante de luxo (quando o gol ou o passe não é de Gavino ou de Santiago, com certeza é do inglês Beckham; não é à toa que ele está fazendo o gol principal da trama)? Medidas como essa, deixam, de certa forma, uma artificialidade visível no projeto.

“Gol 2 – Vivendo o Sonho” é um prato cheio para fãs do futebol e para os jogadores que, sem dúvidas, irão se identificar com a estória. Apesar de repetir problemas constantes dos filmes que abordam uma partida futebolística, a seqüência é garantia de êxtase para quem curte o esporte. Além disso, com o final deixado em aberto, já temos a garantia de uma segunda seqüência (o fechamento, no caso). Essa é uma trilogia feita diretamente para fãs do futebol terem o DVD em sua prateleira.

Trailer do Filme

Download do Filme

Nome Original: Gol II: Living the Dream
Lançamento: 2007
Gênero: Drama
Formato: RMVB
Duração: 115 minutos
Tamanho: 490 Mb
Áudio: Filme Legendado
Qualidade: DVD

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